sábado, 12 de fevereiro de 2011

Com vivência.

Vivência:
(latim viventia, -ae)
s. f.
1. Processo ou manifestação de estar vivo. = vida
2. Experiência ou modo de vida.


Conviver:
v. intr.
1. Viver com outro;
2. Ter intimidade.



Você acorda, o dia está escuro. Seu humor não está dos melhores. O colchão e o cobertor parecem bem mais atrativos que o mundo lá fora. O travesseiro então, nem se fala. Mas você é obrigado a levantar, suportar as pessoas que também esperam para te suportar. Sim, conviver é basicamente isso. Um suportando o outro e assim vai. Você sorri, um sorriso amarelo que é retribuído por outro. Você tenta entender por que as pessoas se movimentam, correm, gritam, quando todos também gostariam de estar em seus casulos de lençol, sozinhos e sem conflitos, porque o máximo que podem existir nesse estado é um conflito consigo mesmos.

Mas não, nós adoramos conflitar uns com os outros, adoramos continuar na busca sem fim de entender o próximo, o distante, e assim vai. E você adora questionar os costumes daquele, reclamar do aspecto estranho do outro, a pose desse ali, o gesto de mais um lá. E você gostaria de um manual de instruções das pessoas para que tudo fosse mais fácil, para que você acordasse e sentisse gosto em compactuar com eles. Porque nós somos assim. Nós queremos coisas assim, vai.

Então, eis que você está errado. Nós estamos. As pessoas não são cigarros, que tragamos e tragamos para saciar nossa necessidade de convivência – porque ninguém vive sozinho – e, ao fim, jogamos fora o filtro, que não é mais útil. E depois, no cúmulo de nossa ignorância, pegamos outro cigarro na carteira, que por sua vez terá utilidade, e tragamos, tragamos. Muito menos são remédio com bula, que lemos para saber a quantidade certa da dosagem, para tomá-los com cautela e assim não terem efeitos contrários. Não!

Você não pode substituir pessoas, nem medir o quão participativas elas serão na sua vida. E mais, você não precisa entendê-las.

Eis aqui um bom motivo para acordar e sentir gosto de viver. Procure entender menos dos outros e conhecê-los mais. Procure num sorriso amarelo a certeza que você pode colori-lo. Nós não vivemos sozinhos apenas por essa ser a única saída para solidão. Nós vivemos assim porque temos vontade de explorar o ser humano, seus sentimentos, seus desejos, seus medos, porque não precisamos de manual de instruções nenhum, queremos ser descobridores e, sem termos manuais também, queremos ser explorados. É um desafio, não é? É. E é esse desafio o fio de nossa motivação.

Trague, trague sem fim o delicioso cigarro da nossa convivência. Beba todo o remédio desse presente que são os conflitos e as contradições do ser pensante, pois é isso que move o mundo. Não deixe que viver em conjunto seja apenas outro fardo da vida, e sim o trem que a carrega.

Entender os outros é sempre o primeiro passo para desentendermos com nós mesmos. Conhecer os outros é mergulhar num dia escuro, num mar profundo, onde nunca deveríamos querer voltar à superfície.

2 comentários:

Versos e Prosas de Victor Victório disse...

O pior é que tem dias que eu acordo com um sorriso meio amarelo. Ele vai ficando, aos poucos, branquinho. Não perfeitamente branco, mas vai saindo o amarelo. Não fica colorido porque as tintas ultimamente andam fracas. Mas acho que isso só vai depender de mim, não é??


Bjão manoo
=***

Anônimo disse...

Muito bom esse post.
continue assim.