sábado, 6 de julho de 2013

O Gigante e as Ruas



Grita.
Grita que o teu grito há de ser ouvido.
Teu grito embalado por mais outros gritos.
Tem sede e força de quem quer mudar.

Nas ruas,
Faz teu palco e mostra pra quê tu viestes.
Ergue o braço e enfrenta mil e uma pestes
Que insistem à força nos ameaçar.

Veja,
A realidade não está perdida.
E mostra tua voz pra que sejas ouvida
E mostra o teu pulso, que sabes lutar.

No alto
Eles falam que nunca souberam de nada,
Que a nossa nação nunca fora roubada,
E sorriem com graça de tão benfeitores.

Pensam
E se enganam que nossos olhos foram vendados.
Que de frente à TV todos estão sentados,
Aprovando a farsa com as mãos atadas.

Vejam vocês
Que o povo nunca esteve tão acordado
E unido nunca aceitará ser calado.
Preparem-se que é chegada a nossa vez.

Grande
Gigantesco e firme, não espera a sorte.
Vai gritar e clamar até diante da morte
E sorrir no futuro o bem que nos fez.

Grita!
E mais forte para que possas ser ouvido.
O Gigante que sabe que já está crescido
E que não mais na vida vai engatinhar.

Olha!
Todos estão nas ruas, que coisa bonita.
E esperam que isso nunca mais se repita
Mas ainda mostram o pulso, que sabem lutar.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Estranho prazer.


O seu calor, seu corpo em chamas,
Me chama, me toca, me provoca,
Me mordem seus olhos.
Ora azuis, ora castanhos, ora ardentes,
Horas antes, horas depois. Oram, amém.
São cores do mar, na areia, no altar,
Na nossa cama que não é de ninguém.

Perversos seus dedos, machucam.
Abusam dos meus no aperto,
No desejo de me abusar,
Na vontade de possuir.
São grandes seus beijos na boca,
Na louca sensação de minha nuca,
No arrepio que me volta, me evoca.

E me devora seu cheiro.
Por vezes macio, por vezes suado,
Ao mínimo anseio de ser massacrado
Meu corpo no seu, colado, amassado.
São fortes suas mãos, ou macias, não lembro.
Nem hei de lembrar a sua voz mansa,
Que cansa, ou grita e agita demais.

Cabelos loiros, ou negros, que te arranco,
Que pedem para serem puxados.
A pele queimando na frieza das noites,
Te permitindo mais uma loucura,
Na escura magia do nosso prazer.
Te ter, te ver, te ser qualquer hora,
Ora amando, ora deixando matar a vontade.

Seus nomes são muitos,
Assuntos que podemos esquecer.
Pois são os teus músculos, teu corpo,
Teus sustos, que eu não ouso perder.
O que importa é o gemido, no meu ouvido,
Que quero mais vezes ou só uma noite,
Já basta, já mata todo meu prazer.

O seu calor, o seu corpo despido,
Sua língua e meu sexto sentido.
São brancas tuas cores, ou morenas, não sei.
São vários teus sabores que degusto
Ora amargos, ora doces.
Meia-hora para as doze e nunca paramos.
Nunca vestimos as roupas.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Uma rápida quimera

Desaprender a viver,
Certas coisas que já vivemos.
Ah, meu Deus, como eu esqueci essa vida.
Ai, quem dera pudesse voltar.
Em passos rápidos, viveria tudo que vale a pena.
Eu viveria mais, eu sentiria mais.
Eu, despido de vontades, poderia ganhar o mundo.
Se eu aprendesse a amar de novo.

Desaprender a sorrir,
Eu sorriria de novo, como antes já fiz.
Eu morreria mil vezes por um sorriso antigo,
Daqueles que só se dá quando se nasce.
Quando se aprende a respirar,
Por ser a única opção.
Quando se toca o ar, por ser a única saída.
Ah, meu Deus, quem dera reaprender a sorrir,
Como criança que sorri das flores secas.

Desprenderia sem medo os sonhos, esses males.
Neles eu me perco, me encontro e me vou.
Pois deles eu faço um circo, um monumento meu.
Pois sim, deles eu me desprenderia,
Para reinventar, para recriar meu mundo.
Meus monstros, meus palhaços,
Seriam todos novos, reformulados.
Meu leão feroz me devoraria,
Cuspir-me-ia, totalmente vivo.

Desprenderia desse corpo, essa tormenta.
Que sem ele não vivo, mas que nele repouso.
Que me serve de palco, mas que me atira contra pedras.
Deste corpo me desfaria.
Que não me serve, que não me condiz.
Ah, eu jogaria ao céu essa vaga lembrança,
Sem pensar duas vezes.
Pois quem pensa duplicado, sofre duplicado,
E não segura a dor antiga, a dor marcada.
Neste corpo, também marcado.
Um lixo, não volta mais.
Reciclar não vale mais.

Mas por que retrucar, rodear essa loucura?
Se tudo que queria era, num doce desejo mais passado,
Jogar às pedras, sorrindo, despindo,
Respirando, quem dera, essas dores.
Que as dores da vida ninguém segura.
Sim, pensando bem, suportaria amores,
Sabores, um corpo morto numa era distante.
Suportaria a vida, pesadelos, qualquer coisa,
Mas que fossem massacradas, esculachadas,
Esquecidas, todas as dores dessa vida.