terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Uma rápida quimera

Desaprender a viver,
Certas coisas que já vivemos.
Ah, meu Deus, como eu esqueci essa vida.
Ai, quem dera pudesse voltar.
Em passos rápidos, viveria tudo que vale a pena.
Eu viveria mais, eu sentiria mais.
Eu, despido de vontades, poderia ganhar o mundo.
Se eu aprendesse a amar de novo.

Desaprender a sorrir,
Eu sorriria de novo, como antes já fiz.
Eu morreria mil vezes por um sorriso antigo,
Daqueles que só se dá quando se nasce.
Quando se aprende a respirar,
Por ser a única opção.
Quando se toca o ar, por ser a única saída.
Ah, meu Deus, quem dera reaprender a sorrir,
Como criança que sorri das flores secas.

Desprenderia sem medo os sonhos, esses males.
Neles eu me perco, me encontro e me vou.
Pois deles eu faço um circo, um monumento meu.
Pois sim, deles eu me desprenderia,
Para reinventar, para recriar meu mundo.
Meus monstros, meus palhaços,
Seriam todos novos, reformulados.
Meu leão feroz me devoraria,
Cuspir-me-ia, totalmente vivo.

Desprenderia desse corpo, essa tormenta.
Que sem ele não vivo, mas que nele repouso.
Que me serve de palco, mas que me atira contra pedras.
Deste corpo me desfaria.
Que não me serve, que não me condiz.
Ah, eu jogaria ao céu essa vaga lembrança,
Sem pensar duas vezes.
Pois quem pensa duplicado, sofre duplicado,
E não segura a dor antiga, a dor marcada.
Neste corpo, também marcado.
Um lixo, não volta mais.
Reciclar não vale mais.

Mas por que retrucar, rodear essa loucura?
Se tudo que queria era, num doce desejo mais passado,
Jogar às pedras, sorrindo, despindo,
Respirando, quem dera, essas dores.
Que as dores da vida ninguém segura.
Sim, pensando bem, suportaria amores,
Sabores, um corpo morto numa era distante.
Suportaria a vida, pesadelos, qualquer coisa,
Mas que fossem massacradas, esculachadas,
Esquecidas, todas as dores dessa vida.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Outra contradição

Ah, quem dera se eu soubesse
Como se fala, como se sente
Como se mente nessa vida.
Qualquer dia eu saio daqui
Não tão longe de você,
Pra que não sintas minha partida.
E ainda queiras me ver.

Queria saber... Ah, se eu soubesse
Contar minhas verdades,
Falar das minhas saudades,
Pra você ouvir baixinho
Que me pego sonhando todo tempo,
Gritando feito louco
Seu nome em pensamento.

Eu gosto de estar aqui
E se penso em ir embora,
Ah, que dor eu sinto agora,
Que vontade de ficar.
Mas lá fora está tão claro...
Me desculpe, já vou indo
Tenho pressa, até já.

Não se trata do seu cheiro
Nem de como quero bem.
É que todo mundo tem
A vontade de voar.
E quem sabe você saiba
Que agora já é tarde
Já podemos acordar.

Como eu disse no começo,
Se eu soubesse eu te diria
Com uma só explicação:
Sou de muitos, sou de muitas,
Sou de quase todo o mundo,
Mas o mundo é tão pequeno
Que cabe na minha mão.

Por favor, não chore agora
Tenha embora pena de mim,
Que te ver sofrer, no fim,
Deixa um nó em minha garganta.
Há pouco, seu sorriso
Enfeitava o meu dia,
Então sorria, não faça assim.

Deixe aos menos que eu termine
O que vinha te dizer.
De verdade, eu não minto,
Não quero te ver sofrer.
Nem te quero assim tão longe.
E na palma da minha mão
O meu mundo é você.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

É tarde, coração.

Foram dias frios, foram dias muito frios. Foram os dias mais tristes da minha vida.
Quando meu coração aos prantos gritava por uma ajuda, um consôlo.
Ele nunca soube ou nunca tentou me entender.
Pra ele era tão simples, assim: eu e você.
Pra ele, quando o sol nascia, era a certeza de mais um dia ao seu lado.

Ah, coração, você sempre tão magoado.
Sempre tão desprezado, ainda me pediu pra fazer mais planos,
Pois você nunca suportou a dor da noite escura, da lua escondida.
Se você soubesse como me dói também, você não pediria
Você não me machucaria tanto assim.

Quando eu falei que tudo era tão feliz, coração, eu esqueci de dizer
Que tudo muda, que tudo sempre muda.
Lembra do eterno? Lembra do "pra sempre"?
Não chore tanto assim, mas você precisa saber das mentiras que te falei.
Desculpe, me desculpe. Vamos fazer um pacto, vamos lutar juntos.
Seja forte, por favor, por mim.

Não entristeça quando sentir aquele cheiro, que nos lembra aquele dia
Pois assim você me deixa sem ar de tanta dor.
Não se quebre quando um dia escutar nossa canção.
Assim eu choro, me dói bastante, faça não.
E ao passar por nossas praças e a lembraça de nós dois estiver por lá
Esqueça rápido, num segundo, para não me matar aos poucos.
Por fim, não sofra quando de tarde lembrar aquelas nossas tardes
Sem solidão. Não sofra, não.

Ah, coração, sempre fomos tão tolos.
É que, entendo, nós sempre tentamos, nós sempre fizemos de tudo.
E deu certo, acertamos tanto, erramos tanto. Vamos ser sinceros.
Vamos esquecer aquela voz de bom dia, aquela voz de boa noite
Aquela voz de eu te amo, que tanto amávamos.
Mais uma vez, vamos apagar aquele toque, aquele abraço,
O beijo escondido, o beijo roubado.
As noites tão quentes, os dias tão belos.
Somos só nós dois de novo, sejamos fortes.

Sabe quando vimos aquele sorriso e você acelerou feito louco?
Pois bem, vamos esquecer isso agora, coração.
Eu sei, eu sei que dói, dói em mim também. E que dor.
Mas não podemos mais fazer nada, temos que aceitar.
E sempre que você fraquejar, sempre que não suportar um instante,
Não se preocupe, eu transbordarei sua dor pelas minhas lágrimas
Como estou fazendo agora, pra você não sangrar.
Você vai ver.

Mas seja bom comigo, não fraqueje tanto assim, como agora.
Que meus olhos podem não suportar.
Qualquer dia nós conseguiremos, você vai ver.
Vamos esquecer o quanto amamos e como era bom amar.
Vamos esquecer o quanto você era feliz ao ver aqueles olhos...
Coração, pare de chorar. Seja forte.
Por favor, por mim...

sexta-feira, 16 de março de 2012

Carta de uma saudade

Você sabe o quanto te amo.
O quanto te amo.
E por que não está aqui comigo?

Passe às vezes para me ver,
Sente e fale da sua vida comigo.
Conte seus segredos, bobagens.
Mas venha me ver.

Não permita que morra ainda
Umas lembranças que nos restaram.
Aquelas tardes de domingo, cansadas.
Outras horas que ficamos em silêncio.

Velhas manhãs geladas,
Conte-me os seus acasos.
Suas mentiras e amores.
Beba no meu copo da água com meus beijos.
Meus desejos ocultos.

Mas não vá agora.
Fale-me dos seus transtornos.
Ponha seu ego nos seus dizeres.
E comente, por acaso,
O meu nome.

Ponha seu ego nos seus atos.
E eu só vejo, atento, seus gestos.
Atue seu choro e suas mágoas.
Mostre-me nos seus olhos os lugares,
O tempo que nos culpou.

Sente e fale do dia brando,
Das costas nuas e a chuva caindo.
E como se fosse ficar para sempre,
Coloque sua imagem sobre a minha.
Deixe-me em silêncio...