terça-feira, 25 de novembro de 2008

"...e a outra metade também."

"Sabe, todos nós temos momentos em que paramos um pouco para pensar sério, sozinhos com nós mesmos, e nem venha dizer que não acontece. Hoje me peguei fazendo isso, do nada. Acordei mais cedo que o normal e estava um clima tão agradável que não me atrevi a sair da cama. Debaixo do lençol, eu queria mesmo era curtir o momento e repensar algumas coisas.

Primeiro, fechei os olhos. O que eu queria pensar? Em quem?
Não havia sido difícil. Há alguns meses, alguém vinha ocupando meus pensamentos de forma inexplicável, inesperada e tantas outras palavras que começam com IN. E eu não podia deixar de perceber que isso me assustava, mas me fazia bem. Eu estava sendo abraçado por uma floresta escura e não sabia o que encontrar lá, mas aquela escuridão parecia ser minha alegria. Estava tudo em ordem, mesmo não podendo ver o que me esperava entre as árvores, que produziam agradáveis e confortantes sons, tão belos aos meus ouvidos.
Mas vejam, chegou um momento que a escuridão para mim não era o suficiente. Eu precisava de luz, precisava de orientação, precisava ver realmente... Ainda mais, eu queria tudo isso. Queria ver a floresta ao meu redor, queria ver o que havia sido entregue a mim. Fui de encontro ao meu desejo e o abracei com força. Era linda, a floresta. Sorria para mim, me encarava por completo. Havia algo nela que me fazia desejar ser feliz. Ela me fazia querer conhecê-la mais, quase me chamava. E por que eu hesitaria? Tudo o que eu mais queria, ela vinha me oferecer.

Segundo, enrosquei meu corpo no lençol, que tentava me aquecer. Por que?
Queria sentir outra vez a proteção do abraço calmo da minha floresta. Digo 'minha' porque ela se entregou a mim (e porque, aceito, tenho graça de possessivo, de autoritário, de homem). Queria repetir minha felicidade ao saber que estava envolto ao carinho do meu desejo, que, eu sabia, me desejava também. Estava sentindo falta, sentindo pesares pela ausência de alguém que me é querido. Solitate, solitate. Me senti distante da floresta, enfim.

Terceiro, deixei duas ou três lágrimas se libertarem. Saiam!
Foi então que senti no meu coração uma suave paz. Sorri, sorri. Como eu poderia sentir distância? Como eu poderia sentir tristeza? Era ela, a floresta, ardendo dentro do meu coração. Ardia, não queria me ver tão triste assim. Afinal, ela estava na minha vida para me fazer bem, me fazer feliz, me fazer uma criança satisfeita. Me fazer o mais amado, até quando ausente em corpo e em forma. Pois, eu haveria de confessar... Minha floresta é a coisa mais presente em minha vida. Mais presente que qualquer dádiva. Um presente muito presente. E quem me olhar, sempre a encontrará em mim.

Quarto... Bem, a porta do meu quarto havia sido aberta, fui interrompido.
Percebi que eu já deveria me levantar, deixar meu casulo de algodão. Queria mesmo era expor minha felicidade, queria correr e ver a foto. A nossa foto. 'Vejam, ela existe... Minha floresta é real'. Sim, era real, é real. Nós dois, sorrindo para a lente, expondo nosso orgulho um do outro, expondo sentimentos. Eu a amo e digo sem medos. Eu já falei, ela me faz tão bem. E me abraça sempre que sinto sua falta..."